quinta-feira, 6 de junho de 2013

Anjos e Demônios

Há um demônio dentro de cada um de nós. Não me refiro à acepção comum da palavra, mas à fúria intrínseca com que cada ser humano nasce. Acredito piamente, mesmo que muitos discordem, que nascemos selvagens, tomados por nossos instintos, pelo ímpeto de viver, pelo prazer de insuflar ar aos pulmões, pelo desejo incontrolável de sentir o sol no rosto, pelo anseio de sentir a chuva nos molhar, enfim pelas necessidades mais "básicas" que um ser humano possa ter nos seus primórdios. Vou de encontro aos que dizem que somos anjos quando crianças. Talvez aos seis, sete anos nos tornemos anjos, transformando nossos instintos em conduta, nossa fúria em bom comportamento, nosso ímpeto em controle e discrição, tudo em virtude da imposição de um conjunto de regras de convívio social. Não critico a postura eticamente correta do ser humano em relação a sociedade. Simplesmente sinto falta da liberdade de outrora, da vontade de gritar sem motivo, de correr sem direção até que as pernas não aguentem mais. Nostalgia? Não. Simplesmente afirmo que o demônio que por alguns anos foi anjo ainda reside dentro de nós. Um pouco mais malicioso talvez, já que com os anos aprendemos as artimanhas da vida, mas a fúria permanece. Adormecida. Escrever estas palavras talvez seja uma forma de mostrar a mim mesmo, que o demônio dentro de mim vive e espera que, pelo menos uma última vez antes que meus olhos se fechem definitivamente, se liberte de novo. Acho que o demônio dentro de cada um também anseia por esse dia. Essa seja talvez a maior prova de que não importa o quanto sejamos racionais, se ainda há o desejo de viver nosso espírito será implacável na busca pela sua liberdade.

Um comentário:

Alvrim disse...

Ah, isso é fato! Criança nasce má! Se deixar, bate, xinha e humilha outra criança. Os adultos que ensinam o bom comportamento.